O que
está causando o conflitos das gerações?
As rodas de bate-papos estão escassas, os encontros pessoais estão raros.
Jovens não escutam mais os mais experientes, os mais velhos não têm mais
paciência para tantas atividades dos jovens. São animais humanos que estão
perdendo a socialização que tanto nos alertou Aristóteles quando afirmou:
"O homem é um animal social." Por conta da velocidade com que as informações chegam até nós, o excesso delas está sobrecarregando a
todos, ocasionando impaciência, intolerância e, consequentemente, o conflito
das gerações.
Um imperador romano, no auge de suas atividades, tinha menos informações
que um jovem de 12 anos na nossa atual sociedade. Segundo o psiquiatra e
psicoterapeuta Augusto Cury, as novas gerações estão, sem saber, sofrendo de
uma síndrome chamada Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), que pode estar
atingindo 80% da população em diferentes níveis. A síndrome é desenvolvida pelo
excesso de informações provenientes das mídias, que disponibilizam informações
fast food e que não permitem que as pessoas tenham tempo para digerir essas
notícias, promovendo muita informação e pouco conteúdo.
Além disso, o excesso de conteúdo informacionais, que contribuem para a
SPA, fazem com que os indivíduos comecem a sentir os sintomas
físicos-psicológicos, como ansiedade e impaciência, os quais levam à intolerância
e, assim, contribuem para o afastamento das gerações, que não conseguem mais se
conectar, já que seus pensamentos não estão mais na mesma velocidade. Parece
que os jovens estão pensando mais rápido, mas isto não quer dizer que estejam
pensando com qualidade. E quando se deparam com situações e indivíduos que
preservam conversas mais cadenciadas e mais demoradas, elas não suportam esta
"lentidão". Em outro viés, as gerações anteriores não suportam a
rapidez e o descompromisso que alguns jovens estão aplicando em suas vidas.
Portanto, a intolerância para com seus pares está levando ao afastamento
dos indivíduos, que estão utilizando mídias tecnológicas para fazer conexões
sociais, com isso, a afetividade está sendo minimizada, a amizade arquivada e
as relações sociais saudáveis excluídas dos nossos "favoritos".
Precisamos pesquisar nossos pensamentos e ações, fazer uma varredura nos nossos
comportamentos e começar a curtir relações resilientes, encontros renovadores
e, quem sabe, atualizar nossas emoções, e, assim, poder começar a diminuir esse
abismo social.
Leonardo Senna
Estudante de Psicologia na UFSM
Este texto foi publicado no Diário de
Santa Maria no dia 1º de agosto de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário